XI Congresso Brasileiro de Telemedicina e Telesaúde

Dados do Trabalho


Título

EVITAÇÃO DE DESLOCAMENTO PARA CONSULTAS ESPECIALIZADAS PRESENCIAIS POR MEIO DE TELEINTERCONSULTAS NO NORDESTE BRASILEIRO – A EXPERIÊNCIA DO PROJETO TELENORDESTE – HOSPITAL SÍRIO-LIBANÊS (HSL)

Resumo

Introdução: A garantia de acesso aos diversos níveis de atenção da Rede de Atenção à Saúde (RAS) do Sistema Único de Saúde (SUS) é um desafio histórico, sobretudo por se tratar de um sistema universal em país com dimensões continentais. O acesso à Atenção Ambulatorial Especializada (AAE) é especialmente crítico, tendo em vista a fragmentação dos sistemas de informação, o não uso de protocolos de encaminhamento e a dificuldade de fixação de profissionais especialistas fora de grandes centros urbanos, com destaque à Região Nordeste, que apresenta uma razão entre especialistas e generalistas de 1,10, uma das menores do país. Objetivo: avaliar a evitação de deslocamento territorial de usuários do SUS para consultas especializadas mediante o uso da ferramenta de teleinterconsulta na Região Nordeste do Brasil. Método: Estudo transversal dos encontros clínicos remotos realizados entre os teleconsultores do Projeto TeleNordeste e as equipes que atuam na Atenção Primária à Saúde (APS) de 70 municípios do nordeste brasileiro (Bahia e Ceará), no período de junho de 2022 a novembro de 2023. Foram incluídas nesta análise as teleinterconsultas das 10 condições clínicas mais atendidas no projeto e que fazem parte das principais demandas por consultas na APS segundo a literatura. Calculou-se a (1) economia de tempo de deslocamento; a (2) evitação de quilometragem rodada e (3) potencial redução dos custos com combustível para transporte. Resultados: das 2.139 teleinterconsultas realizadas nas condições clínicas selecionadas, 1.895 (88,6%) não demandaram encaminhamento presencial para AAE. Com essa evitação, foi possível uma economia de tempo de descolamento territorial de 108.348 minutos – o que corresponde a cerca de 75,2 dias de viagens economizadas – durante o período. Evitou-se 182.174,40 quilômetros a serem percorridos para consultas com AAE (em torno de 96 quilômetros por teleinterconsulta, em média), o que pode representar uma economia de R$ 121.449,60 de combustível a ser custeado pela gestão dos municípios participantes. Conclusão: as teleinterconsultas têm o potencial de evitar descolamentos desnecessários para consultas presenciais, evitando assim dispêndio de tempo (de usuários e funcionários da gestão) e de recursos financeiros, podendo otimizar fluxos assistenciais, melhorando o cuidado dos usuários em seu próprio território com menores impactos ambientais.

Área

Tecnologias Digitais para Assistência Remota em Saúde - Teleatendimento

Autores

FERNANDO MOREIRA GONÇALVES, SABRINA DALBOSCO GADENZ, STEPHAN SPERLING, FABIANE RAQUEL MOTTER